MARÍTIMAS VOL 03: TERRA PLENA (LEIA JÁ)

desenho e colagem de Juliana Blasina
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NOTA SOBRE A CAPA

por Juliana Blasina, editora Marítimas

Quando começamos a idealizar esse terceiro volume, a imagem da sereia invertida me surgiu nítida num sonho. A nitidez do sonho é por si um paradoxo. Como no famoso quadro do René Magritte (The collective invention, 1934), lá estava ela desafiando a suposta verdade ocidental.

Ora, sendo a sereia criatura mítica, como pode uma inversão de metades causar tamanho incômodo? Ela prova que mesmo o nosso imaginário está, por vezes, colonizado.

Uma busca rápida na internet leva o incômodo a outro patamar. Fóruns de homens discutem qual a melhor sereia para dividir uma ilha deserta: aquela do rabo de peixe ou essa que, embora feia (palavras deles), tem mais buracos. Vitória da cara de peixe: não fala, não canta, logo (palavras deles) não incomoda. Ela é melhor quando silenciada, desprovida de poderes. E seu desenho de cinta liga e arrastão pousa de quatro com dois mil likes.

Diferente de sua ancestral, Sereia de Magritte, prostrada na beira d'água, nossa sereia invertida surge plena sobre uma rocha. Ela tem braços e consciência deles. Ela tem muito a dizer. E toma fôlego com suas guelras híbridas. Ela sabe o que é preciso para trilhar essa terra acidentada, nunca de todo firme. Ela existe e isso basta.

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EDITORIAL 

por Suellen Rubira, editora Marítimas 

Segurança. Substantivo feminino que tem, dentre suas definições, o sentido de “estado do que se acha seguro ou firme, estabilidade, solidez”

Gostaria de tecer palavras sobre o quanto podemos respirar agora, em terra firme, seguras de nossos passos e ações. Porém, houve em algum momento a segurança?

Costumamos atribuir à pandemia a máxima de que nada é certo na vida e tudo muda radicalmente, mas… não era assim antes? Lidar com um vírus altamente contagioso e que matou muita gente ao redor do mundo com certeza configura uma mudança extrema de paradigma do que é estabilidade e do que é volátil. Porém, e esse cliché eu vou repetir, a pandemia apenas escancarou uma crise brutal nas nossas relações dentro do sistema capitalista. O que já estava ruim ficou pior e quem não teve essa consciência provavelmente está achando que as coisas começaram a ganhar uma incerteza apenas a partir de 2020.

Não.

Podemos fazer uma lista imensa do quanto a vida de pessoas indígenas e pessoas negras foi massacrada por séculos. É justo dizer que “a pandemia me fez ver que temos que viver o presente”? Ao mesmo tempo que não se pode negar a gravidade e as pressões que essa circunstância nos causa, cabe ressaltar o quanto tem muita gente na luta, sempre na luta.

Por isso, o termo segurança não vai guiar as páginas dessa edição da zine. Embora tenhamos deixado nossas embarcações à beira da praia, pisamos na areia, na grama e no asfalto com um quê de desconfiança, como quem entra num pântano, sempre alerta. Seguras estamos de nós e da nossa capacidade de amplificar vozes. Queríamos fazer mais, abranger mais, abraçar mais.

Essa edição contém respingos do mar, o mar como refúgio e a terra como conquista. Textos, imagens, fotos que ilustram uma presença cujo recorte ainda é muito pouco, mas queremos acreditar que é só o começo.

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Com poemas de
Carol Oliveira @viajopradentro.escrevoprafora
Giulia Guadagnini @giuliaguadagnini
Iolly Aires @dissolvendoempoesia
Jeane Bordignon @jeanebordignon
Orleide Ferreira @contas.de.micanga
Sabrina Dalbello @sabrinadalbelo
Divanize Carbonieri @divanizecarbonieri
Caroline Quadrado da Rosa @carolineagrg

Contos de
Anaí Bueno @bueno_anai
Lorena Dias @lorena_madeinpara
Paula Canabarro @paulalcanabarro
Suzielli M. M. @suzielli_martins
Pâmela da Conceição @pdaconceicaosantos

Imagens de
Ana Clara Tissot @anaclaratissot
Nicolli Gauterio @psi.nicolligauterio

também participação desse volume as editoras @suue_rr (fotografias e poema) e @blasina_ju (colagem da capa e poema)



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